Quinta D´Amares
No coração do Minho, concelho de Amares, Braga, visitámos a Quinta D´Amares, em plena vindima de duas das principais castas autóctones da região dos Vinhos Verdes – o Alvarinho e o Loureiro. Com mais de 55 hectares e um legado histórico representado pelo Mosteiro de Rendufe do Século XI e o Aqueduto do Século XVII, a marca Quinta D’Amares reflete nos seus produtos e imagem, todo o património cultural e exuberância do seu terroir. A Quinta contígua ao mosteiro da Ordem Beneditina, é exposta a sul, soalheira e sujeita a condições climatéricas únicas, onde a cordilheira do Gerês que ladeia o Vale do Cávado e a influência da proximidade atlântica, criam um clima de excelência sobretudo para a produção das castas Loureiro, Alvarinho e Arinto.
A receber-nos estava o proprietário da Quinta – José Alberto Pedrosa e o João Pires com a funções de director comercial e marketing. O seu proprietário, José Alberto Pedrosa, engenheiro químico de formação e um profundo conhecedor do mundo dos vinhos, vive a sua quinta como de um filho se tratasse. Orgulha-se de produzir nesta propriedade Vinhos Verdes que se diferenciam pelo rigor e cuidado ao longo de todo o processo produtivo e o reconhecimento da qualidade de todos os seus vinhos, tanto pelo mercado como por diversos críticos de vinhos, concursos nacionais e internacionais.
Na vinha, sob o olhar atendo de Francisco Ferreira, responsável há mais de 25 anos pelo cuidado exigente e diário da vinha, uma centena de trabalhadores da região colhiam rapidamente os majestosos cachos de uvas Loureiro e Alvarinho para as caixas de transporte serem conduzidas á adega, no mais curto espaço de tempo. Na adega, o enólogo residente Rui Oliveira, sob a orientação do enólogo António Sousa, coordena todo o processo para uma prensagem suave e o mosto fermentar de acordo com os mais altos padrões de qualidade, a temperaturas controladas, que se traduzirá nos vinhos Quinta D’Amares colheita 2019 de grande intensidade aromática, paladar suave e delicado.
MP- Fale-nos um pouco deste seu projeto Quinta D’Amares, dos vinhos e da sua quinta
José Pedrosa – Sou natural da Póvoa de Varzim e a minha família já anda “no mundo dos vinhos” há uns bons anos, desde 1946 que o meu pai está ligado ao sector. Em 1988 o meu pai, por paixão, decidiu adquirir esta quinta, que foi propriedade do Convento dos Beneditinos, da Ordem de S. Bento.
Quando adquirimos a propriedade, a quinta não era só vinha, mas como o projeto estava direcionado para a produção de vinho, hoje só temos plantio de vinha. Entre muros que variam entre os 3 e os 6 metros, estamos com aproximadamente 55 hectares de vinha e a particularidade da propriedade é que aqui se forma um microclima. Estamos no vale entre o Rio Cávado e o Rio Homem, que nascem ambos na Serra do Gerês, muito próximos em linha reta do mar, aqui a casta predominante é o Loureiro, no entanto temos também excelentes resultados com os vinhos produzidos das castas Alvarinho e Arinto. Fora de muros, temos outras propriedades, onde para além das castas brancas, temos castas tintas como Touriga Nacional, Vinhão e Padeiro de Basto. A médio prazo a casta Padeiro de Basto é uma aposta pessoal, considero-a importante nos próximos anos para a produção de vinhos “rosados” de qualidade na região. É uma casta pouco corada, produz significativamente, de fortes aromas e que facilmente atinge uma boa graduação alcoólica com muita acidez, o que torna os vinhos mais frescos e mais apetecíveis.
Sabemos que os mercados internacionais são fundamentais para os vinhos portugueses e o único problema nesta Região dos Vinhos Verdes é a falta de área para expandir a cultura da vinha. Estamos numa região de propriedade muito dividida, em que o emparcelamento é muito difícil, mas com persistência e aposta na qualidade, produzimos vinhos únicos que podem conquistar cada vez mais consumidores internacionais
Hoje é notório um incremento na qualidade dos Vinhos Verdes resultante da reestruturação da vinha, aposta na tecnologia e no capital humano, sendo fundamental para os resultados que estamos a ter no mercado interno e externo. A juntar ao nosso actual projecto, vamos apostar no Enoturismo, tendo o grande desafio de reconstruir as “velhas instalações” da quinta à traça da época, convertendo-as numa moderna sala de provas, um núcleo museológico e centro de interpretação do Vinho Verde, com vista privilegiada sobre a vinha, Mosteiro e Aqueduto. Acreditamos que no futuro será um ponto de visita turístico de excelência da região dos Vinhos Verdes.
MP- Em termos de marca, como se apresenta a marca Quinta D´Amares ao mercado?
JP- Estamos no concelho de Amares e esta é uma das quintas de referência da região dos Vinhos Verdes. É um projecto que representa o sonho e a paixão de uma família que está ligada à produção de Vinhos Verdes há muitos anos, em que a máxima de produzir com rigor, qualidade e respeito pela Natureza, é incorporada no dia a dia de quem está ligado a este projecto.
Temos uma gama de Vinhos Verdes que potencia as castas produzidas na nossa propriedade – Quinta D´Amares Alvarinho, Quinta D´Amares Loureiro; Quinta D´Amares Loureiro & Arinto Superior; Quinta D´Amares Loureiro & Alvarinho, Quinta D´Amares Tinto, Quinta D´Amares Rosé e um Vinho Espumante Bruto da casta Arinto. Poderia ser mais um portfólio comum a outros tantos produtores da região, no entanto, estes Vinhos Verdes diferenciam-se e apresentam uma boa relação qualidade/preço.
A imagem e comunicação também são fundamentais, um investimento significativo, mas que julgamos ser importante para transmitir ao consumidor toda a mensagem que a marca incorpora. O objetivo principal é expandir no mercado externo, no qual apesar do bom volume de vendas que já alcançamos ainda não estamos em muitos países. Trata-se de uma aposta a médio prazo, objetivo que esperamos conquistar, acrescentando novos mercados aos que atualmente já trabalhamos com boa dinâmica de vendas.
Produzir Vinhos Verdes diferenciados e de qualidade é a nossa “marca”, sedimentar a posição no mercado nacional e expandir nos mercados internacionais é o nosso objetivo, valorizando sempre os nossos vinhos pela qualidade com um preço justo. Para nós, que produzimos quantidades significativas atendendo à região que nos encontramos, é fundamental que quem colabora connosco entenda que cada garrafa incorpora um vinho único, produzido em vinhas bem cuidadas e com uma produção sustentável, vinificados numa adega apetrechada com a mais moderna tecnologia e sempre com a orientação técnica de reputados enólogos, criando assim parcerias fortes com base na qualidade e diferenciação.
Vamos marcar presença na próxima edição do SISAB PORTUGAL com stand próprio onde esperamos receber os nossos clientes internacionais e todos os importadores que pretendam criar uma parceria forte e estável com os vinhos Quinta D’Amares.
ANTÓNIO FREITAS
(TEXTO E FOTOS)
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