Fernando Manuel Torres lembra-se que o pai ainda andou a conduzir camiões e que as suas férias eram passadas na empresa, nos armazéns. “Fiz um de tudo dentro da empresa e sempre quis fazer isto, esta é a minha vida”.
O Grupo ‘Torrestir’ detém uma posição destacada na área da logística e transporte, a nível nacional com plataformas em Espanha e na Alemanha. As diversas empresas que constituem o Grupo oferecem um vasto leque de serviços que passam pelo transporte nacional e internacional, distribuição porta-a-porta em 24 horas, logística e armazenagem. O ‘Mundo Português’ foi conhecer este grupo que começou em Braga no ano de 1962 e circula hoje em todo o mundo. Fernando Manuel Torres representa a terceira geração da família Torres.
Conte-nos a história da ‘Torrestir’. Como é que tudo começou?
A ‘Torrestir’ surgiu em 1962, foi fundada pelo meu avô. Foi ele quem iniciou a atividade dos transportes, inicialmente não sob o nome ‘Torrestir’, mas como Torres & Companhia. Mais tarde, por volta de 1987, na altura em que a empresa se preparou para a internacionalização foi criada a designação ‘Torrestir’ que mantemos desde essa altura.
Desde aí, a ‘Torrestir’ tem registado um crescimento acima da média…
Desde 1987, quando começámos a nossa internacionalização, temos vindo a crescer cerca de dois dígitos todos os anos. Em 2002 abrimos a primeira empresa fora de Portugal, em Espanha, Vigo, onde fazemos toda a distribuição no Norte de Espanha, para a Galiza. Em 2004 apostámos muito forte na área transitária com a aquisição da ‘Tait’, um transitário. Em 2006 começámos a operação na Alemanha, constituímos a ‘Torrestir Deutchland’ onde fazemos distribuição, logística e é um apoio ao nosso transporte rodoviário internacional, apoia-nos na importação e na exportação. Em 2016 registámos um crescimento de 11,5 por cento.
A ‘Torrestir’ está hoje um pouco por toda a Europa?
A empresa nasceu em Braga, a sede contínua em Braga. Lisboa também é muito importante, mas nós hoje possuímos 12 plataformas de distribuição ao nível nacional, com cobertura desde Vila Real de Trás-os-Montes ao Sul, Albufeira, no Algarve. Desenvolvemos também a componente logística com duas operações, uma no Norte, Porto e uma em Lisboa, na Azambuja. Também fazemos a operação de frio, através da ‘Frigotir’ que está sedeada em Lisboa, detemos a ‘Contentorres’ que é uma empresa que faz contentores ao nível nacional, mas também internacional, com instalações no Porto, em Lisboa e em Palmela, perto de Setúbal. Temos a parte transitária que engloba o transporte em camião, mas também aéreo e marítimo que está na Maia, Porto, Lisboa e Leiria.
Onde está a maior fatia de mercado da ‘Torrestir’ no mercado nacional ou internacional?
Para a ‘Torrestir’, sendo uma empresa nacional, uma empresa familiar, o mercado nacional tem ainda mais peso que o internacional, cada vez menos, é verdade. Ainda me lembro da altura em que era 95 por cento mercado nacional e 5 por cento para o internacional e, neste momento, o mercado internacional já pesa 45 por cento. Isto devido às operações próprias que temos em Espanha, na Alemanha, em Moçambique, Angola onde também temos empresas próprias e, por fim, tudo aquilo que trabalhamos com toda a Europa e com todo o Mundo, tudo isto somado já pesa 45 por cento do volume da empresa.
Sem qualquer dúvida que, no mercado, uma das bandeiras da ‘Torrestir’ é a parte da distribuição, é algo que já fazemos há mais de 30 anos e fazemos bem. Estamos a falar de níveis de serviço de 99 por cento, é algo que nós trabalhamos todos os dias e apostamos efetivamente e a ideia é consolidar cada vez mais o mercado nacional.
Atualmente a ‘Torrestir’ opera em várias áreas de negócio…
Hoje vamos a todo o lado, temos cerca de 1100 camiões e mais de 1600 colaboradores. Nós estamos em várias áreas de negócio. Como referi, fazemos a parte de frio e congelados de camião completo e grupagem através da ‘Frigotir’, uma empresa do grupo. Dispomos de uma unidade Farma, a ‘Torresfarma’ que assegura a distribuição de produtos farmacêuticos em todo o país até às 13h. Fazemos o país inteiro antes das 13h na distribuição de produtos farmacêuticos em hospitais, clinicas e farmácias. Temos também a parte da distribuição capilar onde fazemos o país todo em 24 horas com frota própria, sem qualquer subcontratação e isto é importante frisar, é uma das nossas bandeiras. Sermos autossuficientes, não existe subcontratação, gerimos as pessoas, gerimos os armazéns e gerimos os carros.
A qualidade da vossa frota e dos recursos humanos é uma aposta constante?
A nossa frota tem uma idade média de três anos. Isto é muito importante para nós, trocamos de viaturas com bastante regularidade o que faz com que os nossos clientes não tenham problemas, as viaturas são novas, não existem avarias, as viaturas andam sempre cuidadas, com uma boa imagem, limpas. Isso é algo que nos é transmitido pelos nossos clientes, que os nossos carros andam sempre impecáveis. Também apostamos bastante na formação dos nossos colaboradores e motoristas, eles são a nossa ‘cara’, são acima de tudo a ‘cara’ dos nossos clientes o que é muito importante. Temos formações de três em três meses, é uma aposta muito grande que fazemos em todos os motoristas da empresa. Somos uma empresa de prestação de serviços e de transportes com tal para nós o valor dos nossos recursos humanos é muito importante.
Quais são os maiores desafios para a ‘Torrestir’ no futuro?
O mundo está em constante evolução e nós não somos diferentes das outras empresas. Estamos cá há 52 anos, eu sou da terceira geração, existe ainda o meu pai que é o presidente do conselho de administração. Eu e o meu irmão também já estamos na empresa, representamos a terceira geração e logicamente que existe aqui um legado que queremos deixar para as gerações vindouras, a opção pela internacionalização da empresa passa por aí. É importante continuar a consolidar o mercado nacional, nunca esquecer as nossas origens, foi aqui que nós começámos e que crescemos, mas agora, mais do que nunca queremos aproveitar aquilo que o mercado internacional nos pode dar e levar a nossa marca para fora de Portugal, que já está, mas queremos crescer ainda mais quer na Europa, quer fora da Europa.
Quais os principais investimentos previstos para este ano?
Em 2017 vamos abrir três plataformas. Em Palmela vamos abrir até ao final de fevereiro com um investimento na ordem dos 4 milhões de euros, depois temos em Matosinhos, a nova plataforma do Porto com 10 mil m2 que irá ficar pronta no final do ano de 2017, é um investimento de 7 milhões de euros. Estamos também a investir no Algarve, numa plataforma que terá 5 mil m2 que irá ficar pronta também no final do ano, um investimento de 6 milhões de euros.
Fizemos um investimento em viaturas para 2017 na ordem dos 5 milhões de euros e para a nossa unidade Farma acabámos de adquirir 20 viaturas para aumento de frota.
Qual a sua opinião do SISAB PORTUGAL?
Eu já fui ao SISAB PORTUGAL por três vezes, é muito importante aquilo que sempre ouvi acerca da dimensão e da exclusividade da feira, tudo aquilo que a feira gera ao nível de valor e de trabalho. O feedback sempre foi positivo, fiquei muito surpreendido porque não é uma feira normal, as pessoas estão lá para expor os seus produtos e para trabalhar. Network puro e duro, não é aquele tipo de feira para visitar, ir buscar o brinde, isso não existe no SISAB. É isso que nos levou a nós, ‘Torrestir’ a estar presentes nesta edição. Sendo a ‘Torrestir’ uma empresa global faz todo o sentido estarmos presentes numa feira orientada para a exportação.