A Quinta do Crasto implementou o projeto “PatGen Vineyards” para salvaguardar o mapa genético da centenária vinha Maria Teresa, instalada no Douro, onde foram identificadas 54 castas e estão a ser repostas videiras mortas por variedades idênticas.
“O grande objetivo é garantir que o nosso mapa genético vai perdurar no tempo”, afirmou à agência Lusa o enólogo Manuel Lobo, da Quinta do Castro.
O projeto Património Genético das Vinhas começou a ser pensado em 2009, foi implementado de forma mais efetiva em 2013 e incide sobre a centenária vinha Maria Teresa, que possui 4,7 hectares e está localizada em Gouvinhas, no concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real.
A Quinta do Crasto apresentou agora as primeiras conclusões do “PatGen Vineyards” e referiu que foram identificadas todas as plantas vivas existentes naquela vinha histórica, num total de 54 variedades, como, por exemplo, tinta roberta, tinto desconhecido, olho de boi, patorra, malandra, mourisco, roseira, são saul, tinta francisca, moreto, nevoeira, alvarelhão ou sarigo.
O enólogo explicou que a ideia é manter a “identidade da vinha”.
Nesse âmbito foi feito um “rigoroso” e “preciso” trabalho de georreferenciação das videiras (cada uma com uma coordenada de GPS) e foram contabilizados 31.825 pontos/coordenadas (que representam o somatório do número de videiras, falhas e bacelos).
Foi também criado, na quinta, um campo de multiplicação de genótipos, ou seja, um campo onde há uma base das diferentes castas, o que permite proceder à reposição de videiras que morrem por variedades geneticamente idênticas, perpetuando, desta forma, o ‘field blend’ (mapa genético) desta vinha centenária.
Para além da reposição da planta, com este projeto é também possível, segundo Manuel Lobo, “monitorizar toda a vinha”.
Com recurso a “sistemas inovadores”, como voos por drone e imagens de satélite, que possibilitam imagens de alta resolução (NDVI e NDVR), é possível “antecipar a perda de material genético e a contagem de plantas em risco”.
Toda esta informação fica disponível de forma digital, funcionando como uma espécie de “vigia”, que permite perceber o estado de saúde de cada uma das plantas que existem na vinha, cuidando-as de forma mais otimizada às suas necessidades, um processo que se designa por viticultura de precisão.
Com a informação fornecida, as equipas de viticultura e enologia podem intervir, por exemplo, na fertilização manual de videiras que estejam mais vulneráveis ou em falência, e até decidir a data de vindima.
O enólogo referiu que esta tecnologia permite identificar os pontos débeis e atuar com rapidez, fazendo as correções necessárias na planta ou salvaguardar esse material genético.
A vinha Maria Teresa, cujo nome é uma homenagem à primeira neta de Constantino de Almeida, fundador da Quinta do Crasto, é uma das mais antigas da propriedade localizada em plena Região Demarcada do Douro.
Das uvas colhidas nesta vinha é feito um vinho tinto Douro DOC (Denominação de Origem Controlada) de gama ‘super premium’ que é apenas engarrafado em anos de excecional qualidade e sempre em quantidades muito limitadas. Recentemente foi lançado o de 2017.
Manuel Lobo disse que a Quinta do Crasto se prepara para aplicar o “PatGen Vineyards” em outras vinhas velhas da propriedade.