A Lavradores de Feitoria, empresa que junta 15 produtores de vinho do Douro, está a implementar uma estratégia de apoio ao pequeno comércio numa altura em que as vendas caíram significativamente, exceto para a Noruega.
Olga Martins, da Lavradores de Feitoria, empresa que resulta da associação de 15 produtores durienses e 19 quintas, afirmou hoje que o setor dos vinhos está “a sofrer imenso” por causa da pandemia da covid-19.
O trabalho mantém-se nas vinhas, “porque a natureza não para” e as uvas estão a crescer, e na adega, instalada em Sabrosa, no distrito de Vila Real, onde se vão preparando as “poucas encomendas” que ainda existem e se melhoram procedimentos, aproveitando esta fase mais estagnada.
Com os “mercados praticamente parados”, Olga Martins realçou a exceção da Noruega.
“É o único mercado que inclusivamente cresceu, todos os outros estagnaram ou pararam, com encomendas ou canceladas ou adiadas. Nós iremos fechar abril a crescer para a Noruega na casa dos 10 a 15% comparativamente com o período homólogo”, afirmou.
Naquele país do Norte da Europa existe monopólio estatal na distribuição das bebidas alcoólicas.
Em Portugal, a Lavradores de Feitoria está a apostar nas vendas ‘online’, através das plataformas digitais da Vinicom e do Adegga e, a nível local, está a implementar uma “estratégia de apoio ao pequeno comércio”.
“Sobretudo onde nos estamos a focar é nos pequenos clientes que estão a lutar para sobreviver e, por exemplo, associámo-nos a pequenos restaurantes dando-lhes descontos especiais para que o vinho seja vendido no ‘take-away’. Estamos a tentar dinamizar a economia por onde nós achamos que ela precisa mais”, salientou Olga Martins.
A responsável elencou o pequeno retalho, como restaurantes ou mercarias, que “está a sentir grandes quebras” por causa da covid-19, pelo que a empresa duriense está a “criar procedimentos de apoio e a fazer negócios diretamente com eles”.
“Se todos nós tivermos uma atitude de apoio aos pequenos e locais, podemos criar um efeito dominó que depois vai mexer a economia no seu todo”, frisou.
Ao mesmo tempo a expectativa é que o “mercado asiático vá reabrindo aos poucos”.
“Fizemos um investimento num novo elemento na equipa comercial antes disto tudo e, portanto, o nosso primeiro trimestre seria em força no mercado asiático o que não se veio a verificar. Mas, agora, o que estamos a sentir é que, no mercado asiático, a economia já está a mexer e termos alguém a trabalhar lá também nos vai dar alguma vantagem competitiva”, referiu.
Em 2019, as exportações representaram cerca de 55% do negócio da Lavradores de Feitoria tendo como principais mercados o Canadá, Noruega, Suíça, EUA e Brasil.
O plano da empresa era chegar, em cinco anos, aos 75% do peso da faturação, um valor que Olga Martins considerou que vai ter de ser revisto em baixa.
Em 2019, a Lavradores de Feitoria produziu cerca de 1.300 pipas de vinho (550 litros cada).
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