Em 1981, Mário da Rocha Gonçalves fundou a ‘Grande Porto’. A empresa foi pioneira na introdução de artigos de confeitaria em supermercados (velas, decorações para bolos, icing sugar). Hoje, o grupo divide a operação em três áreas distintas de negócio, o Alimentar e Descartáveis, o Vinho e a Água, bem como os Artigos para o lar e DPH. A continuidade do trabalho iniciado pelo sócio fundador é hoje assegurada pelos seus descendentes e por uma vasta equipa de colaboradores, que se empenham em prestar um serviço personalizado e eficaz. O ‘Mundo Português’ foi conhecer esta empresa cujas exigências de mercado conduziram ao constante crescimento do portefólio de produtos e marcas.
Como é que surgiu a ‘Grande Porto’?
A empresa foi fundada sob o nome ‘MAG’, pelo fundador Mário Gonçalves, o nome ‘Grande Porto’ surgiu há 38 anos. Eu, o Messala Gonçalves e a Vera Gonçalves somos a segunda geração do Grupo ‘Grande Porto’.
A empresa começou como forma de aproveitar parte da produção agrícola que havia na região de Gondomar, por isso se chama ‘Grande Porto’, precisamente devido ao facto de estarmos inseridos na área metropolitana do Grande Porto. O fundador Mário Gonçalves teve a ideia de começar a produzir um molho artesanal de piripiri e foi assim que tudo começou.
Obviamente com uma produção muito rudimentar naquela altura, mas sempre com um controlo de qualidade muito rigoroso e inovador, na qualidade dos produtos que colocava no mercado com a marca ‘Grande Porto’, a marca com que fazia tanto o piripiri, como outros produtos, que foram evoluindo para outros molhos. Hoje, na área alimentar a nossa marca principal é a ‘Nutry’.
Assim, a ‘Grande Porto’ começou a crescer muito e o seu portfólio de produtos começou a alargar para a área de confeitaria. Nós especializámo-nos na área de confeitaria doméstica.
Durante muito tempo os produtos que eram colocados no mercado na área de confeitaria, tanto as matérias-primas, como as decorações (coco, chocolate, granulados de chocolate, velas de aniversário, estrelinhas mágicas) eram postos no mercado a granel, ou seja, quem tinha acesso a esse tipo de produtos eram os pasteleiros, ou as fábricas de pastelaria que depois, nos pontos de venda, vendiam também as velas. Não havia uma forma blisterizada para ser exposta num supermercado. Foi esse o nicho em que a ‘Grande Porto’ foi pioneira em Portugal, e foi com estes produtos que a ‘Grande Porto’ passou a diversificar muito o seu leque de produtos, sob a marca ‘Nutry’. Dentro da área da confeitaria e depois nos produtos de maior rotação e maior volume como as frutas em calda, também utilizadas para os bolos, e das frutas em calda, como por exemplo, pêssego ou ananás em calda, em rodelas ou em pedaços. Mais tarde começámos a derivar também para frutos tropicais. Fomos uma das primeiras empresas em Portugal a colocar no mercado polpa de manga, líchias e outras frutas tropicais. Este caminho levou-nos a entrar no mercado das leguminosas, onde de facto não fomos pioneiros, mas foi mais um produto que entrou no leque de produtos alimentares da ‘Grande Porto’ e fomos crescendo para as especiarias, molhos de marinada.
Como é que surgiu a ideia de começar também a produzir vinhos verdes?
Em 2000 surgiu na ‘Grande Porto’ uma oportunidade, mais que isso, uma paixão de família, a de entrarmos no mundo dos vinhos. Na altura, estabelecemos parcerias com uma quinta e começámos a comercializar uma marca de vinho alvarinho, mas com o crescimento que tivemos, a quinta deixou de ter produção suficiente para os mercados onde estávamos, tanto em Portugal, como no estrangeiro.
Surgiu então a possibilidade de estabelecer novas parcerias e entrar na estrutura societária de outras quintas, com as quais ainda trabalhamos hoje, e criámos o ‘Alvarinho Messala’. Decidimos criar a nossa marca, para o nosso alvarinho.
Através da contratação dos engenheiros controlamos todo o processo produtivo do nosso alvarinho e decidimos também, muito em honra do principal mentor do projeto dos vinhos, o meu irmão Messala Gonçalves, fazermos e batizarmos o alvarinho com o nome ‘Messala’.
O nome surge precisamente por causa dele e o vinho é notoriamente um vinho com muita qualidade. Os prémios que tem obtido falam por si ao longo destes anos todos.
Entretanto, sempre na tentativa de inovar e procurar novos produtos, dentro até de uma área tão tradicional como a dos vinhos em Portugal, mesmo nos vinhos verdes e no alvarinho, tentámos sempre ser pioneiros em fazer e experimentar coisas novas. Lembro-me por exemplo do espumante alvarinho Messala, do licor de alvarinho Messala, até à recente lampreia de escabeche de alvarinho Messala. De facto, fomos a primeira empresa a fazer e a embalar lampreia com o nome e com a assinatura de um 100% alvarinho para a nossa gama ‘Nutry Gourmet’.
Mas para além dos vinhos verdes também têm vinhos de outras regiões?
Nós só trabalhamos vinhos de quinta e temos parcerias com quintas na região do Douro e na região do Alentejo. No Alentejo produzimos a marca ‘Montes de Lá’, e no Douro, o ‘Encostas de Lá’. Os nomes para este segmento, que caracterizam estas regiões, surgiram devido à curiosidade que os nossos clientes na área de exportação tinham em relação a que outros vinhos de lá é que nós tínhamos?
Se repararmos, em termos de características paisagísticas, no Alentejo, temos os ‘Montes’ e batizámos o nosso vinho alentejano como ‘Montes de Lá’. Na zona do Douro, o que distingue as paisagens são as Encostas e batizámos o ‘Encostas de Lá’ para os nossos vinhos do Douro. No Dão, criámos o ‘Serras de Lá’, uma vez que estamos na zonas das Serras.
É assim que distinguimos as marcas dos nossos vinhos para além do ‘Alvarinho Messala’.
Na região do vinho verde lançámos também, há cerca de três anos, o ‘Desfiado’ branco, o ‘Vinhão’ e o ‘Desfiado’ rosé, um vinho mais seco, mais fresco. Desde 2000, ano em que começámos a trabalhar na área dos vinhos, temos crescido todos os anos em volume e em notoriedade neste setor.
O acompanhamento da produção é muito importante para garantir a qualidade dos vossos produtos?
A principal preocupação da ‘Grande Porto’ desde que iniciou a produção foi sempre a qualidade. Trabalhamos sempre produtos de primeira qualidade. O nosso cuidado é exímio na forma de garantir que o produto final é de elevada qualidade. Nós não toleramos que haja reclamações de nenhum cliente e para isso, temos que trabalhar muito a montante. A preocupação da ‘Grande Porto’, desde sempre, foi a qualidade dos produtos que tem sobre as suas marcas. Obviamente de igual modo nas marcas próprias que fazemos para os nossos parceiros.
Os produtos da ‘Grande Porto’ não são reconhecidos no mercado pelo baixo preço, apesar de sermos extremamente competitivos para a qualidade que oferecemos. Um produto ‘Nutry’, seja qual for a categoria, segmento, ou especificidade do produto é sempre, mas sempre, de primeira qualidade.
Trata-se de encontrar a melhor matéria-prima e processá-la da melhor forma, com toda a qualidade controlada, até chegarmos a um produto final exímio. E este é o nosso objetivo principal.
Os produtos que a ‘Grande Porto’ trabalha que não nascem em Portugal são adquiridos somente a produtores certificados, uma vez que a nossa certificação de qualidade assim o exige. Costumamos monitorizar e receber reports para verificar e atestar a criação e o desenvolvimento destes produtos. Nós trabalhamos os produtos, mesmo aqueles que importamos.
Como é que surge a marca ‘BigPort’?
Em 2004, para além dos segmentos de produtos alimentares e de confeitaria, a ‘Grande Porto’ começou a dedicar-se também aos produtos de decoração para bolos. Criámos uma linha de produtos descartáveis próprios para alimentos, sejam os naperons de papel para as tortas e outros bolos; os pratos de papel, as embalagens para catering, formas de alumínio, entre outros.
Acabámos por detetar que os nossos clientes de produtos não-alimentares, normalmente dedicados à venda de produtos e artigos para o lar, sejam decorações ou utilidades, procuravam este tipo de produtos. Fomos então á procura destes artigos para o lar, depois produtos de higiene, entre outros. No âmbito da separação que estávamos a fazer entre os produtos alimentares e os não-alimentares acabou por nascer uma nova empresa, a ‘BigPort’.
Esta nova empresa surge com o crescimento das vendas no segmento não alimentar. A ‘Grande Porto’ tinha que ser dividida uma vez que já não fazia sentido uma empresa com um vasto portefólio de produtos alimentares, continuar e desenvolver este tipo de produtos não alimentares. Foi assim que decidimos fundar a ‘BigPort’ e é essa empresa que se dedica a trabalhar artigos para o lar, cosméticos, entre outros produtos não alimentares.
Qual é o modo de atuação da ‘Grande Porto’ nos mercados de exportação?
Em termos de exportação, a ‘Grande Porto’ estabelece parcerias com empresas locais e procura ajudar estas empresas. Nós não procuramos apenas vender, pretendemos estar nos mercados e desenvolvê-los com as nossas marcas, ao lado dos nossos parceiros.
Quando vamos aos nossos clientes, não levamos só a mercadoria, levamos know how e recursos humanos para formar os seus próprios recursos humanos. Acreditamos que só desta forma, as marcas conseguem, para além de penetrar, manterem-se e crescerem nos mercados. Posso, por exemplo, referir a nossa experiência no mercado de Moçambique onde estivemos sempre ao lado dos nossos distribuidores, a acompanhar os próprios vendedores. Chegou uma altura em que os nossos próprios parceiros nos pediram para criarmos uma base logística, para fazer todo o desembaraço alfandegário dos produtos que exportamos para lá. Hoje, em Moçambique, temos uma empresa do Grupo ‘Grande Porto’, a ‘Gosto Real’ que faz isso mesmo. Está ao lado das empresas, que já eram nossas parceiras, e ajuda-as na distribuição, ou seja, não entrámos em Moçambique para ser concorrentes dos nossos parceiros, mas sim para estar mais próximos deles. Esta empresa do grupo tem apresentado um bom crescimento, mesmo com as dificuldades do mercado de Moçambique, que são do conhecimento geral, mas todos os anos temos crescido e estamos cada vez mais sedimentados com as nossas marcas, bem como com algumas marcas que representamos também.
Hoje a maior fatia de produção do grupo ‘Grande Porto’ é para os mercados de exportação?
Posso dizer que 65% é para exportação, 35% para mercado nacional e ambos com um forte crescimento, especialmente no primeiro semestre deste ano. Crescemos mais expressivamente no mercado externo, precisamente pela busca de novos mercados que estamos sempre a fazer e também nos mercados onde, precisamente por causa deste trabalho que estamos a desenvolver, de sedimentação das marcas nesses países, começam os resultados a aparecer e este ano estamos com um bom crescimento, tanto no mercado nacional, como no mercado da exportação.
Em termos de países, estamos em África, nos PALOP, há muitas décadas. Desde as origens da ‘Grande Porto’ que estamos em Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé, Guiné Bissau. Hoje já estamos na Costa do Marfim, no Senegal, Marrocos, Togo e algum do nosso crescimento vem precisamente da abordagem e do atingir destes novos mercados.
Também estamos no Brasil, no Uruguai, nos EUA e no Canadá.
Por fim, na Europa, onde há muitos anos que estamos em França, Luxemburgo, Suíça, Bélgica, todos os países onde estão portugueses e a ‘Grande Porto’ tem estado com eles.