ENTREVISTA COM RICARDO GONÇALVES, ADMINISTRADOR DA ‘MARQUE TDI’ – TECNOLOGIAS DE CODIFICAÇÃO S.A.
A ‘Marque TDI’ é líder de mercado em soluções globais de codificação, marcação e etiquetagem industrial, desde o produto até à palete. A empresa, subsidiária do Grupo ‘Domino Printing Sciences’, completa 25 anos de atividade em 2019 e não tem parado de crescer num mercado onde é reconhecida pela qualidade dos seus equipamentos e serviços pós-venda. O ‘Mundo Português’ foi conhecer esta empresa, sinónimo de excelência, eficiência e operacionalidade.
Qual é a história da empresa?
A ‘Marque TDI’ foi fundada em 1994 pelo meu irmão, Henrique Gonçalves. Eu juntei-me à empresa há 23 anos. Este é, desde o início, um projeto inovador e bastante ambicioso.
O que é que representou para a ‘Marque TDI’ a aquisição pela ‘Domino’? Quais as consequências desta ‘união’?
A ‘Marque TDI´ já representava em Portugal a Domino, entre outras marcas. Em 2008, porque eramos uma referência como distribuidores na Europa, a ‘Domino Printing Sciences’ fez-nos uma proposta de aquisição e no ano seguinte passamos a integrar o grupo como sua subsidiária. Embora a ‘Marque TDI’ sempre tivesse tido uma capacidade financeira interessante, fazer parte de uma multinacional traz outras mais-valias. Para além de ser, naquela altura, uma empresa cotada na Bolsa Inglesa, a ‘Domino’ era também de longe o líder destacado no setor. Consequentemente, há 3 anos, o grupo foi adquirido pela ‘Brother Industries’, a japonesa que está no ranking das 750 maiores empresas do mundo. Enquanto no universo ‘Domino’ éramos 3 mil pessoas, na ‘Brother’ somos agora 45 mil. Esta aliança, representou um valor acrescentado também para o Grupo ‘Domino’, porque juntou ao seu core business de “Codificação e Marcação” uma outra área de negócio bastante atrativa, a ‘Impressão Digital’. Assistimos a uma mudança na forma de pensar o futuro, pois se antes a Domino procurava um retorno a curto prazo que satisfizesse os seus investidores, a Brother tem realizado um conjunto alargado de investimentos a 15 ou 20 anos.
Exemplo desta filosofia foi o esforço financeiro empregue no desenvolvimento da nova série de equipamentos a jato de tinta, a Ax-Series, que rondou os 20 milhões de euros. Na Impressão Digital estamos a falar de um investimento de cerca de 100 milhões. Neste sector a ‘Domino’ apresenta já sinais muitos positivos, alcançado mesmo o primeiro lugar no ano transato. Esperamos reforçar esta posição apoiados no know-how da ‘Brother’, que é um dos maiores fabricantes mundiais de cabeças de impressão. Significa que os nossos equipamentos passam a integrar cabeças de impressão ‘Brother’ quando todos os outros concorrentes têm que comprar as cabeças de impressão para os seus equipamentos a fornecedores externos.
Qual é o ‘apport’ que a Marque TDI trouxe para estas marcas?
Nós conseguíamos, mesmo sendo um país com um mercado diminuto, vender um maior número de equipamentos do que outros países europeus, o que surpreendeu a `Domino’. A marca está presente em 126 países e através da ‘Marque TDI’ o grupo passou a estar para além de Portugal, também nos PALOP. O facto de podermos vender em Cabo Verde, Angola ou Moçambique foi importante para o grupo. Mas mais do que isso, a ‘Domino’ olhou para a ‘Marque TDI’ como uma empresa exemplar, com um crescimento sempre acima da média, que seria interessante ter como subsidiária ou mesmo um exemplo de sucesso para os outros canais do grupo.
Que tipo de soluções colocam ao dispor dos vossos clientes?
Nós fornecemos soluções para a codificação industrial desde o produto até à palete. Disponibilizamos sistemas de marcação e codificação na embalagem primária (por exemplo, uma garrafa de água ou uma embalagem de um produto), na embalagem secundária (packs de 24 garrafas ou caixas), e por fim na embalagem terciária (paletes), com a informação contida numa etiqueta A5 que pode ser lida por um ‘scanner’ e integrada com os RP’s dos nossos clientes.
Um dos nossos pontos fortes é também o desenvolvimento de software de rastreabilidade à medida. Este, quando integrado na fábrica, envia para os equipamentos toda a informação necessária para proceder à marcação e volta a recolhê-la em forma de report. UNICER, SOVENA, NESTLÉ, COCA-COLA, SUMOL-COMPAL, são grandes empresas que trabalham connosco há muitos anos quer ao nível dos equipamentos, quer ao nível do software e que servem de exemplo da sua aplicabilidade.
Em que áreas atuam?
Nós trabalhamos em todos os setores e em todas as áreas. O nosso forte é a alimentação e as bebidas, mas também estamos no setor farmacêutico, cablagens, automóvel, químico, construção, ou seja, o nosso target é a indústria de um modo geral. Qualquer negócio que fabrique um produto precisa de identificá-lo, de ter rastreabilidade e é aí que nós podemos ajudar.
A ‘Marque TDI’ tem soluções para toda a linha de uma empresa…Como é que se implementam as vossas soluções?
Desde sempre que a nossa aposta foi a pós-venda. Neste momento contamos com 8 comerciais e 25 técnicos no serviço pós-venda, porque como fornecedores exclusivos de grandes marcas e grupos industriais portugueses, sabemos que ter uma linha de produção parada traduz-se normalmente na perda de milhares de euros para empresas que trabalham 24 horas por dia.
Os clientes depositam-nos grande confiança, que retribuímos com um serviço de piquete 24/24 horas ou em alternativa um apoio através do nosso Helpdesk. Com grande facilidade disponibilizamos técnicos capazes de oferecer aos nossos clientes a “paz de espírito” que precisam para gerir o seu negócio sem se preocuparem com a marcação dos produtos.
A modalidade de aluguer de soluções permite às empresas a entrada neste mundo de uma forma mais ‘light’. Quando é que uma empresa deve procurar esta solução?
Neste momento, uma grande parte do nosso negócio é realizado através do sistema de aluguer. Este é verdadeiramente vantajoso para os clientes, pois inclui para além de equipamentos de última geração, um serviço exemplar e em muito casos os consumíveis. Oferecemos as modalidades ‘pay per print’ e ‘pay per label’ com consumíveis e etiquetas incluídas e alugamos os equipamentos com manutenção preventiva, curativa, peças, mão-de-obra incluídos. É uma prática incluída no conceito de servitização (processo pelo qual a produção de bens industrializados tem evoluído para uma visão mais abrangente, agregando serviços e permitindo um maior foco na função). O cliente passa a responsabilidade da codificação para a ‘Marque TDI’.
Outra vantagem no aluguer de equipamentos é que muitas vezes as multinacionais necessitam de projetos de investimento (CAPEX) para os anos seguintes e desta forma o custo é imputado diretamente no produto.
Estes contratos são habitualmente realizados por 60 meses que consideramos um período adequado para esta modalidade. Até porque normalmente, quando um cliente renova acaba por beneficiar de equipamentos tecnologicamente atualizados, sem ser muito custoso para a empresa. Por exemplo, estes novos equipamentos já vêm preparados para a indústria 4.0, o que significa que os clientes com contratos recentes usufruem desta vantagem.
A rastreabilidade dos produtos vai ser cada vez mais importante…
A rastreabilidade é muito importante para a identificação dos produtos. Há uma série de legislações recentes que obrigam a uma retificação dos sistemas produtivos. Por exemplo, na indústria farmacêutica, uma diretiva internacional, a implementar até 2019, obriga que cada caixa de medicamentos seja identificada por um número de série único e aleatório. Verificamos a mesma situação na indústria do tabaco, em que cada maço de cigarros tem um código bidimensional único com o objetivo de poder combater a contrafação.
Pensamos que a serialização que, no fundo, é a marcação de cada produto com um número de série diferente e único, brevemente se irá aplicar também à indústria alimentar e bebidas onde cada caixa de produto, quando chegamos ao supermercado, tem um número de série diferente. É claro que isto obriga a investimentos avultados, quer ao nível de equipamentos, quer ao nível de software.
Estas legislações foram criadas em defesa dos consumidores, pois é desta forma que lhes é possível saber em que dia foi criado um determinado produto, a que horas, qual a linha de produção, até qual foi o operador, etc. Podemos verificar a importância desta atividade na seguinte situação exemplificativa: algumas empresas de vinhos encomendam o lote previamente impresso da gráfica que vai identificar toda a sua produção. Se tiverem uma reclamação do mercado correm o risco de terem que recolher todo o lote pois não consegue identificar a proveniência exata do problema.
Em que países estão presentes?
A ‘Domino’ está presente em 126 países quer através de subsidiárias como a ‘Marque TDI-Domino’, quer através de distribuidores. É desta forma que a ‘Domino’ assegura o mesmo nível de serviço aos equipamentos instalados globalmente.
O serviço pós-venda é muito importante para a ‘Marque TDI’?
Na ‘Marque TDI’ somos cinquenta e quatro pessoas e estamos atualmente em processo de recrutamento de mais 10 pessoas para as vertentes técnicas e comercial. Este aumento exponencial reflete o aumento da procura pelos nossos equipamentos, mas também o facto de estarmos a fornecer soluções tecnologicamente mais complexas, com integração de processos de automatização em linha com a chegada da indústria 4.0.
A sustentabilidade e o crescimento têm andado de mãos dadas na empresa?
Temos crescido de uma forma exponencial, mas sustentada. No ano transato crescemos 24% e atingimos um volume de negócio superior a 12 milhões de euros.
Neste momento, no ano fiscal do Grupo ‘Brother’, que vai de 1 de abril a 31 de março, já estamos a crescer 22%, mas o nosso objetivo é de alcançar pelo menos os mesmos 24%, o que significaria que em dois anos obteríamos um crescimento aproximado de 50%.
Claro que isto obriga-nos a muito trabalho, muita dedicação e mais pessoas. Mas é gratificante, trabalhar numa empresa que está em constante crescimento.
O grupo ‘Domino Printing Sciences ’ celebra 40 anos e este é um marco bastante importante para todos.