A empresa está sedeada no Parchal – Algarve, no concelho de Lagoa, e dedica-se ao fabrico, catering, importação, exportação, reacondicionamento, entreposto frigorífico e Distribuição de Produtos Alimentares. Como fabricante produz refeições, saladas, sandes, patês de peixe e vinhos. Tem o foco principal na comercialização de produtos diferenciadores a nível de charcutaria, lacticínios, conservas de peixe, saladas, sandes, refeições preparadas, cereais, pão e vinhos aromatizados com destaque também para os produtos light e biológicos.
Mantém um investimento continuo nos mais diversos meios, a fim de obter uma melhoria constante na qualidade e nos serviços prestados ao consumidor, tudo o que faz é a pensar nos seus públicos tendo sido com este espírito que construíu uma equipa vencedora e que continuam a trabalhar de forma a ser uma empresa inovadora atendendo às necessidades dos consumidores.
Comecei com este negócio de distribuição alimentar em 1989, há 29 anos em Ferragudo no Algarve, pela importação de produtos alimentares, como charcutaria, lacticínios e saladas, dedicando-me posteriormente também à transformação e embalamento de charcutaria com marca própria.
Em 2002 dediquei-me ao negócio das conservas de peixe, construindo uma fábrica em Alcácer do Sal, tendo sido assim que expandimos o nosso negócio também para a área da produção. No ano de 2006 foi necessário construir novas instalações no Parchal, Algarve para poder dar resposta ao crescimento das vendas bem como também em expandir o negócio para a área da produção de sandes, saladas e refeições ligeiras onde viríamos depois a produzir também vinhos leves e sangrias.
A primeira vez que participei no SISAB PORTUGAL, foi com os vinhos de um parceiro aqui de Portimão, estavam expostos vinhos de todo o Portugal, todos eles de excelente qualidade, mas de grau alcoólico muito elevado e foi aí que pensei criar um conceito de vinhos mais leves, com 7,5 % Vol. bem como de sangrias diferenciadoras. No ano do seu lançamento na Sisab e até aos dias de hoje tem se verificado uma adesão muito positiva, sempre com um crescimento muito interessante onde a inovação tem marcado a diferença.
O objetivo agora é a exportação?
Sim, é a exportação uma vez que estes produtos apresentam ainda um potencial enorme de crescimento, ao qual pretendemos abranger mais mercados, mas nunca descurando o mercado interno que tem tido também um crescimento muito interessante.
Para este tipo de produtos, ser competitivo em outros países quando estamos sediados no Algarve, é muito complicado, mas felizmente estamos a conseguir pela qualidade, porque pela quantidade é muito difícil uma vez que aqui no Algarve os custos são muito superiores, praticamente tudo, tem que ser adquirido no centro e norte do país o que nos coloca logo em desvantagem.
Por outro lado, aqui no Algarve também há muito pouca produção de uva, ao qual não nos permite ter uma produção de escala, sendo impossível pensar em grandes volumes, aí termos seguido o caminho da qualidade ao qual nos está a dar uma grande satisfação.
Quais são atualmente os seus mercado?
Angola, Timor, Hong Kong, França, Alemanha, Estados Unidos, Brasil e China são os melhores mercados, sendo que na China as exportações têm vindo a decair por causa das taxas, muito elevadas para este tipo de vinhos com sabores.
No mercado nacional quem são os grandes clientes da Alcione?
Sem dúvida que são as grandes superfícies, mas os clientes do Algarve representam também um bom volume de vendas, só que é muito sazonal, sendo os meses de junho, julho, agosto e setembro os principais meses de venda. Existe uma grande discrepância entre o verão e o inverno, sendo que no verão temos cerca de 2 milhões de pessoas a consumir no Algarve e no inverno cerca de 350 mil pessoas, praticamente o mesmo que o concelho de Loures. É extremamente difícil gerir empresas nestas condições, aí a razão de termos expandido o negócio para todo e país e exportação.
Por outro lado, a partir de 2008 a crise veio abalar muito o negócio no Algarve originando o enceramento de muitas empresas ao qual nos deixaram numa situação bastante complicada.
A Alcione conseguiu resistir a essa crise, mas teve que efetuar uma restruturação muito grande, reformando a sua gama de produtos e dedicando-se mais á produção, para conseguir se afirmar no mercado cada vez mais exigente.
Mas hoje a situação já está um pouco diferente?
Sim, está diferente, existe mais responsabilidade com decisões mais ponderadas, as pessoas já não entram facilmente em loucuras, o risco é analisado mais ao pormenor.
Há segmentos de negócio que não sofrerem muito, mas na área alimentar com o crescimento das cadeias de hard discount, condicionaram muito o pequeno comercio, o chamado comercio tradicional, sendo neste momento a grande distribuição a ditar as regras e os hábitos alimentares.
E as marcas brancas são uma das causas destes problemas?
As marcas brancas fazem parte da estratégia da grande distribuição que nos dias de hoje já representam mais de metade das vendas no segmento alimentar.
Não os posso criticar quando trabalham na procura da qualidade para os seus produtos, neste caso para as suas marcas próprias, sendo certo que ainda se verifica algumas marcas próprias mais preocupadas com o preço descurando totalmente a qualidade, aí sim, criticarei mais os produtores que entram nestas guerras de competitividade para manterem a sobrevivência, bem como as autoridades de fiscalização que deixam ser comercializados em Portugal produtos oriundos de outros países sem informação em Português, desconhecendo-se a sua origem e em alguns casos os seus ingredientes.
Na sua opinião acha que proteger os produtos portugueses com a lei poderia ser um caminho?
Na minha opinião os produtores Portugueses estão no bom caminho, verifica-se mais responsabilidade e um grande empenho em produzir com qualidade, sendo que muitas vezes somos confrontados com o nosso vizinho do outro lado da fronteira que se preocupa mais com o preço do que muitas vezes com a qualidade e seria aí que além de existir a informação obrigatória igual ao dos produtos Portugueses, que houvesse também uma fiscalização mais apertada, bem como mais campanhas promovidas pelo estado Português a sensibilizar os Portugueses a consumir o que é nosso. Os nossos governantes poderiam criar mais incentivos para as nossas empresas se motivarem, darem mais valor aos empresários Portugueses, sendo que na maioria das vezes o que vem estrangeiro é melhor. Os nossos governantes só se preocupam em criar novas leis e impostos que só servem para ir buscar mais dinheiro e burocratizar o funcionalmente das empresas, parecendo o gato e o rato, acabando sempre por beneficiar o vizinho do outro lado da fronteira.
Enquanto não defendermos primeiro os nossos produtos e os nossos empresários, não haverá qualquer lei que venha a ser implementada que possa mudar o rumo dos acontecimentos, sendo certo o que resta neste momento ainda é o nome de Portugal e pouco mais, porque as principais empresas já estão nas mãos dos estrangeiros.
É o Portugal que construímos…