A VINIVERDE é uma holding cujos acionistas são várias empresas da Região dos Vinhos Verdes, a saber: Adega Cooperativa de Ponte da Barca, Adega Cooperativa de Lousada, Adega Cooperativa de Barcelos e Terraço da Vinha S.A. Deste grupo, destaca-se a Adega Cooperativa de Ponte da Barca pela sua dimensão, pelo seu já longo historial com mais de 50 anos e notoriedade, local onde se situa a sede administrativa da Viniverde e a de produção.
Constituída com o objectivo de produzir, promover e comercializar os vinhos dos seus accionistas e as suas marcas próprias, continua em crescimento de vendas, quer no mercados nacional quer no mercado internacional, onde já vende perto de 50% da produção.
O ‘Mundo Português’ esteve à conversa com José Antas de Oliveira, enólogo e diretor geral da VINIVERDE, bem como pelo João Pires da gestão de mercados e director de marketing.
MP- Na nossa última visita, foi-nos referido que a exportação representa 45% das vendas da VINIVERDE e com crescimento, atendendo aos novos mercados que conquistaram em que se destacam a Rússia, Ucrânia, Japão, Polónia, onde os vinhos da VINIVERDE começaram a aparecer na distribuição moderna, tal como acontecia nos mercados dos EUA e Brasil. Esse crescimento veio-se a verificar?
JAO- Continuamos a crescer nas exportações e estamos muito perto de atingir os 50%, que era a nossa primeira meta para atingir em 2017/2018. Neste ultimo ano, tivemos mercados como Brasil, Polónia e China que apresentaram resultados muito positivos, são mercados onde já estávamos presentes, mas apresentaram um crescimento que não era expectável. Em 2018, sobretudo no caso do Brasil, acreditamos que continuaremos com boa taxa de crescimento, em 2017 iniciamos novas parcerias que esperamos que em 2018 tenham um bom desempenho nas vendas, dado serem grandes empresas, com experiência e estatuto no mercado onde actuam.”
MP- Assiste-se que a VINIVERDE, através dos seus mais diretos colaboradores com responsabilidade na área da administração e marketing passam grande parte do ano nos mercados internacionais, nos mais diversos países e continentes!
JAO- Sim, é verdade! A necessidade de promoção e activação comercial dos nossos Vinhos Verdes no mercado externo, exige a nossa presença assídua. A estratégia da nossa empresa, após conquistar um mercado ou novos clientes, passa por criar uma maior proximidade com os nossos parceiros de negócio, sendo regular os acompanhamentos no mercado, ajudando na apresentação da marca/produto e na sua comercialização. É fundamental que os Vinhos Verdes sejam bem apresentados, capacitando a sua divulgação por parte das equipas de vendas de forma a que juntos puxemos pela valorização dos vinhos e notoriedade das marcas, assim “amparamos” os importadores na venda e promoção. Para nós é muito importante ter essa segurança e sentimos que é bastante valorizado pelos nossos parceiros de negócio, há necessidade do acompanhamento e fazer formação às equipas de vendas, de fazer provas vínicas. O futuro passa por uma maior intensidade no trabalho de internacionalização, a necessidade de cada vez viajar mais é natural. Em 2018 optamos por trazer clientes à nossa sede e dar a conhecer o terroir dos vinhos. Esta abordagem visa estreitar laços, criando objectivos e dando a conhecer a nossa realidade para que tenham um conhecimento mais aprofundado daquilo que estão a apresentar, para que nos seus mercados, promovam com a “nossa” paixão os Vinhos Verdes e assim incrementem as vendas e a valorização do produto.
MP- É notório que cada vez mais trabalham com importadores naturais dos próprios países. Essa é a realidade?
JAO- Sim, é uma realidade. Um dos objetivos de internacionalização definidos há vários anos e que a médio/longo prazo está a trazer resultados muito satisfatórios. O mercado tradicional, “mercado da saudade”, deixou de ter um peso significativo no nosso volume de negócio e com tendência para decrescer. Em alguns países, casos da Suíça, França, Canadá ou mesmo Brasil, o mercado tradicional continua a ter peso nas vendas, mas o crescimento estagnou. Aquilo que há uns anos era praticamente a única realidade no plano de internacionalização desta empresa e que representava sobretudo a venda de vinhos de menor valor, com esta mudança permitiu-nos uma abordagem diferente aos mercados, conseguimos apostar mais na promoção e comercialização dos nossos Vinhos Verdes de maior qualidade. Vendemos cada vez mais vinhos de maior qualidade, temos maior dinâmica nos mercados e conseguimos agregar maior valor à marca, isso é valorizado pelo consumidor!
O sucesso no mercado externo foi o trabalho desenvolvido com importadores cujo foco não é exclusivamente o das comunidades portuguesas, como são exemplos de países onde estamos a crescer, caso dos EUA, Japão, Colômbia, Equador, China, Polónia, Brasil, entre outros…e isso é o futuro que acreditamos para a internacionalização dos nossos vinhos.
Num país que tem uma oferta tão vasta de vinhos, as nossas castas autóctones tem chamado a atenção dos líderes de opinião e isso reflectiu-se numa procura e num maior conhecimento dos vinhos portugueses. Neste contexto, os Vinhos Verdes assumem-se como vinhos em voga no mercado, sobretudo nos mercados externos, permitindo-nos assim penetrar em novos mercados sem ter por base o mercado tradicional. Além disso, a profissionalização da região com lançamento de novos produtos adaptados aos mercados e hábitos de consumo, têm potenciado a imagem dos Vinhos Verdes dentro e fora de portas. Actualmente existem produtores de outras regiões do país que trabalham bastante no mercado externo que têm a necessidade de ter Vinhos Verdes no seu portfólio, porque o mercado assim o exige. Existe uma grande confiança na continuidade do bom desempenho no mercado internacional, o Vinho Verde é sem dúvida o vinho português mais procurado nos diversos eventos internacionais onde marcamos presença, é o vinho que mais se exporta e tem um grande potencial de crescimento. Em 2018 a VINIVERDE vai apostar em sedimentar a posição nos mercados que têm apresentado um bom desempenho, mercados maduros, e em conseguir abrir novos mercados, como por exemplo México, Singapura, Malásia e Índia.
MP- Depois da nova imagem, implantada em alguns dos vossos vinhos, a inovação é uma aposta?
JAO- Todos os anos procuramos ter novos produtos para apresentar aos clientes. Se em 2016 a novidade foi um Espumante Tinto Bruto da Casta Vinhão, lançado como produto de cariz mais gastronómico e mantendo uma aposta de apresentar Vinho Verde tinto capaz de conquistar novos mercados e com foco no consumidor que procure experimentar sabores diferentes, fazendo harmonizações surpreendentes, em 2018 lançamos uma garrafa Magnum, 1,5 litros de Estreia Alvarinho Reserva, apresentando ao mercado um Alvarinho com capacidade de guarda e seguindo uma nova tendência do mercado. Iremos ainda lançar durante 2018 mais um produto na linha da Adega da Ponte da Barca, que será uma novidade e diferenciado, para o mercado entender que estamos bem vivos, apostamos em inovar e sempre com produtos de grande qualidade!
João Pires – Em 2016 lançamos a nova imagem associada aos Vinhos da “Adega da Ponte da Barca”, marca com maior peso no volume de negócios da holding. Anteriormente já tínhamos mudado a imagem da marca “ Estreia”, que é a marca que mais tem crescido no mercado externo. Todos os anos vamos inovando e incrementando qualidade de alguns dos nossos Vinhos Verdes, com maior trabalho de enologia e rigor no acompanhamento e seleção das castas. De ressalvar que nos últimos 3 anos foram lançados 3 espumantes, produto completamente novo para a empresa, dois espumantes de Vinho Verde Branco 100% da casta Loureiro, um Bruto e um Meio Seco, e um espumante de Vinho Verde Tinto, 100% da casta Vinhão. Esta aposta em produtos inovadores para a empresa, apostando na qualidade e superando-nos, teve enorme sucesso. No caso dos espumantes, mesmo duplicando as quantidades produzidas, esgotaram antes do final do ano. Felizmente temos crescido mais do que a taxa de crescimento região, estamos mais fortes e isso reflecte-se na necessidade de crescer nas nossas instalações, nos próximos anos vamos investir na modernização das infraestruturas e equipamentos, apostar no enoturismo e criar condições para continuarmos a competir em igualdade com os principais “players” no mercado. Este ano, para além da aposta continua na internacionalização, já iremos fazer investimentos importantes na unidade produtiva e no enoturismo.
MP- E com isso ganha a VINIVERDE e ganham os seus associados, não é verdade?
JAO- A preocupação com os sócios das Adegas Cooperativas que integram a Viniverde é muita, são a base para o nosso bom desempenho. O valor que pagamos pelas uvas tem vindo a aumentar resultante do bom desempenho que temos na actividade comercial, sendo também notória a melhor qualidade das uvas que nos chegam através da profissionalização dos produtores associados e que nos ajudam a alcançar bons resultados comerciais. Continuamos a apoiar muito os sócios, na reconversão das vinhas e no acompanhamento por parte dos nossos técnicos, sendo a região dos Vinhos Verdes caracterizada por uma paisagem de produções fragmentadas, com este apoio e impulso à plantação e reconversão das vinhas, conseguiu-se um melhor desempenho produtivo, proporcionando também um incremento notório na qualidade das uvas que recebemos. A par disso, assiste-se a um rejuvenescimento da média da idade dos associados, com cada vez mais jovens a integrarem as adegas associadas á nossa holding, com outra visão, outro profissionalismo e formação, que vêm aportar para a região um modelo de negócio distinto e, com grande futuro. Na VINIVERDE cada adega cooperativa associada é um polo de recepção que recebe as uvas dos seus associados e em que está fortalecido a relação entre eles e a sua adega. Hoje quem aposta na vinha vê este investimento como uma actividade bastante atractiva, um negócio que encarado com o devido profissionalismo, é lucrativo! Felizmente que os vinhos portugueses estão em alta e penso que este ano, é um ano excelente para os Vinhos Verdes continuarem a afirmarem-se no mercado externo, fruto do decréscimo que houve na produção dos outros países do “velho mundo”- Itália, França e Espanha. Para nós foi uma boa colheita, em quantidade e qualidade, poderão surgir excelentes oportunidades de negócio.
MP- Aproxima-se mais uma edição do SISAB PORTUGAL e a vossa presença está garantida
JAO- Estaremos presentes e iremos reforçar a nossa presença face aos anos anteriores. O SISAB PORTUGAL é para nós, um dos eventos “obrigatórios”. Apesar de ser um evento que exige um grande investimento, entendemos que é importante. Este ano vamos ter um espaço maior e aí esperamos receber muitos dos nossos importadores, apresentando-lhes as novidades, assim como novos importadores que nos ajudarão a alcançar o nosso objetivo, continuar a crescer.